domingo, 10 de maio de 2009

O riso é a lei




Como atriz, Madonna é uma cantora extraordinária. A artista é vítima de uma qualidade sua que se torna um problema: sua imagem icônica se sobressai aos personagens que interpreta, impedindo que vejamos seus contornos. Até mesmo quando “esteve em casa” interpretando o papel-título do musical “Evita”, vimos mais a Material Girl do que propriamente Eva Perón.

O mesmo acontece com a comediante Heloísa Périssé quando interpreta a advogada corrupta Yasmin Robalo na hilariante “A Advocacia Segundo os Irmãos Marx”, que esteve de passagem por Teresina nos dias 07 e 08 de maio.

Por ter uma presença forte, Périssé diminui um pouco a sua personagem e a comediante aflora dona da situação, sem grandes prejuízos para o texto hilário e rápido da peça. Bom para a platéia que vai abaixo a cada três falas. A montagem se baseia em textos dos Irmãos Marx, datados dos anos 1930.

Como há uma regra no teatro de que atrás de uma grande artista deve existir um elenco forte, “A Advocacia” encontra em cinco fabulosos atores seu ponto de equilíbrio. Na montagem que veio à capital, o elenco com Wilson Santos, Robson Nunes, Alex Moreno, Flavio Baiocchi e Alexandre Pinheiro se divide em interpretar os assistentes punguistas da não menos trapaceira doutora Yasmim, e os demais tipos que procuram os serviços da advogada.

Dividida em cinco pequenos episódios, “A Advocacia Segundo os Irmãos Marx” acompanha o dia a dia nada modorrento do escritório da advogada. Ela é uma exacerbação da figura do advogado mau caráter, mais preocupado em dinheiro do que com ética ou com o reais problemas de seus clientes.

Apesar de comédia, a peça faz uma crítica oportuna no momento em que tantos homens do Direito entram e saem da mídia nacional como coadjuvantes em processos escandalosos de corrupção, tráfico de influência, assassinatos pavorosos e desvio de dinheiro público.

Um dos destaques na comédia é o ator Wilson Santos, o Jojô de “Duas Caras”, heterossexual disfarçado de gay dono de uma uisqueria. Tarimbado nos palcos de comédia, Wilson apresenta um trabalho especial e refinado. Ele faz a mais interessante das secretárias da advogada que se revezam na montagem, um malandro debochado a serviço da advogada e uma diva portuguesa do teatro – a caracterização e o tom do personagem são primorosos.

Bem assessorada, diferentemente dos clientes da advogada que interpreta, Heloísa Perissé é a estrela dos créditos da comédia, mas encontra solo fértil para plantar suas piadas no elenco maravilhoso que a acompanha. O resultado não poderia ser diferente: o riso é a lei em “A Advocacia Segundo os Irmãos Marx”.

2 comentários:

Mara Vanessa disse...

Infelizmente, vou ao teatro menos do que gostaria. Lack of company... maybe. rs.

Você me instigou a pensar sobre personificação e incorporação de personagens (papéis). Até agora, não saberia dizer o que isso realmente significa e que importância pode ter, tanto para quem está atuando como para o público. Fica a reflexão. (:

By the way... -> http://www.estadao.com.br/arquivo/arteelazer/2003/not20030117p2421.htm . :)

Troca.

Um beijo,

Lorenna Batista disse...

Menino, to me sentindo mal pq não fui, deve ter sido muito bom, mas fica de lição pra que volte a frequentar mais o teatro...

Obrigada pela primeira boa ação do dia, bjo bem grandão