sexta-feira, 15 de maio de 2009

A Verdade não está lá fora


Não tive uma formação cristã muito sólida, apesar de ter morado ao lado de uma igreja até meus quatorze anos. Sempre fui uma criança muito curiosa e talvez por causa disso era visto com desconfiança por minhas professoras de catecismo e depois por carolas e mais tarde padres.

Fui batizado só aos nove anos sob protesto do pároco da minha cidadezinha. Li “O Exorcista” pouco tempo depois; o filme me assombrava desde criança e só consegui assisti-lo já adulto, mas mesmo assim ainda apavorado com a história de Reagan – dizem que baseada em fatos reais.

No curso técnico – que antes equivalia ao ensino médio – conheci uma evangélica batista na minha sala que colava como a gente e acompanhava a turma em qualquer bagunça. Numa discussão me mandou praquele lugar sem nenhuma cerimônia. Descobri que ela tinha a boca suja de um caminhoneiro, mas ia à sua igreja e orava normalmente a Deus sem nem mesmo escovar os dentes.

Foi nessa época que me tornei espírita, mas sempre questionando os dogmas da Doutrina. Sempre vi todas as religiões como algo a ser dissecado, observado, inquirido até que não reste dúvida alguma ou quase nenhuma.

O meu Deus nunca foi esse velho de barba branca com cara fechada e um cinto na mão pronto para nos dar uma boa lambada no primeiro escorregão. Sempre o vi e ainda o vejo com o pai bacana, que trabalha o dia inteiro para que sua família não se perca e esteja sempre aconchegada junto a ele. Um pai que põe o braço em volta do ombro do filho com problemas e diz: vamos resolver tudo juntos, eu e você.

Não consigo entender o alvoroço da igreja católica com os livros e filmes de Dan Brown. Li “O Código Da Vinci”. Vi o filme. Muito bons. Envolventes. Mas não mudaram minha visão de Deus, muito menos do catolicismo. Ainda não vi “Anjos e Demônios”, mas o novo alvoroço em torno da nova adaptação do escritor “pesadelo do Vaticano” me fez acionar minhas convicções novamente.

Não acredito nem por um segundo que um livro possa influenciar alguém a mudar suas crenças, principalmente as religiosas. Se fosse assim, teria pirado depois que li em “O Exorcista” que o diabo está em todos os lugares. Imediatamente me veio à cabeça que todos esses lugares por onde ele possa balançar seu rabinho foram criados por Deus.

Sim. Acredito em Deus. Profundamente. Nunca li a Bíblia além de algumas páginas, mas li todo o livro de Dan Brown. Cheguei à conclusão que a fé no meu Deus não é ditada por nenhum escritor, seja ele inglês ou que tenha sido contemporâneo de homens tido como santos – por mais bem escrito ou convincente que o enredo que ele haja escrito seja. A propósito: “Anjos e Demônios” já está em cartaz nos cinemas de Teresina.

4 comentários:

dane_ly disse...

e eu super assistirei meesmo!!! rs
adoro o jeito como vc contextualiza as coisas, faz toda a diferença. rs
Xêru!

Mara Vanessa disse...

"Anjos e Demônios" está na minha lista para os próximos dias.

Assim como você, não concebo a figura de Deus como um 'espectro supremo' e vingador, que baseia suas relações em hierarquias verticais. Não, não. Deus, para mim, é outra coisa.

Sobre o poder da religião para deturpações diversas, estou à cata de um livro que, pelas resenhas e críticas que li, me parece oportuno citar: 'Missa Negra' - de John Gray. Segundo sinopse: "Em Missa Negra, o autor analisa os conflitos mais destrutivos dos últimos séculos e chega à conclusão de que as religiões políticas exploraram o mito do Apocalipse, como uma crença em um evento que mudaria o mundo e que levaria ao fim da história e de todos os seus conflitos."

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Beijos,

Nane disse...

Ao contrário de você, tive e tenho uma base cristã sólida desde muito nova.

Nada de fanatismo, apenas presto meu culto racionalmente, assim como se manda.

Sou evangelica batista[tradicional], mas não ando falando nomes feios e nem mandando ninguem a lugar algum. ah! adoro uma bagunça! hahahaha

então, ler a biblia não é chato. Se ela existe até hoje é porque tem algo a dizer.

Ah! e religião não é nada. Deus é mais. Bem mais.

beijos, Eugênio!

Rosa Magalhães disse...

Minha educação religiosa é baseada no catolicismo fervoroso, mas confesso que no decorrer dos anos me transformei numa espécie de "ovelha desgarrada". Não acredito que viver dentro de um templo seja sinônimo de salvação (para horror do meu pai), acredito sim que Deus está em qualquer lugar, basta chamá-Lo. Quanto à Dan Brown: sua obra de ficção tirou o sossego do Vaticano e colocou na cabeça de muitos uma pergunta bem simples: por quê tanto alvoroço em torno de uma historinha inventada, mesmo???