sexta-feira, 5 de junho de 2009

Os livros em papel vão acabar?

Por Fábio Diegues
da editora Contexto

A pergunta do título permeia a cabeça dos amantes da leitura e dos empresários do setor. Com a chegada do Kindle e outros aparelhos para leitura de livros, está chegando ao fim a era do livro impresso?

O diretor comercial da Editora Contexto, Daniel Pinsky, acaba de defender sua dissertação de mestrado na FEA/USP, que parte da seguinte pergunta: A cadeia produtiva da música foi fortemente afetada pela chegada da digitalização e da internet. Uma empresa de tecnologia (Apple) apresentou um aparelho (Ipod) e hoje comanda a cadeia produtiva da música. O que pode acontecer com a cadeia produtiva do livro?

Partindo desta comparação, ele apresenta a importância que as editoras têm para o processo de comercialização dos livros e a setorização. “Mostro que para se analisar a indústria editorial é necessário ter em mente o conceito de setorização, ou seja que os setores de livros são muito diferentes entre si. Enquanto alguns estão sofrendo um forte impacto com digitalização e a chegada da internet, outros sentem pouco”, explica Daniel Pinsky.

Em seguida é apresentado o conceito de livros eletrônicos, muitas vezes confuso para consumidores e até para profissionais da área. A expressão “livro eletrônico” assim como a palavra “livro” pode significar a mídia onde se lê e também o conteúdo. Ou seja, algo físico e palpável, mas também intangível que se transforma na cabeça de cada leitor.

Daniel consultou em sua pesquisa de campo profissionais de editoras de livros universitários e professores da USP e do Mackenzie. Apesar do pouco uso que os professores fazem do livro eletrônico, já enxergam diversas vantagens e podem vir a usa-los, caso exista oferta adequada. É possível que venha a acontecer na área editorial o mesmo que na área fonográfica: A indústria de tecnologia apresenta um produto (Ipod) que acaba sendo o ponto forte da cadeia, jogando para segundo plano a indústria que produz/reproduz o conteúdo (gravadoras).

“Acho muito difícil que o livro impresso acabe, pelo menos nos próximos 50 anos, mas sem dúvida o mercado de livros de diversos segmentos vai mudar bastante com presença maior dos livros eletrônicos”.

Daniel Pinsky é administrador de empresas formado na FGV com Mba em Varejo pela Fia (USP? CF) e mestrado em administração pela FEA/USP. Atua na área editorial há 20 anos, exercendo atualmente o cargo de diretor comercial da Editora Contexto.
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