segunda-feira, 29 de junho de 2009

O imperador em segundo plano


O título do novo livro de Alan Massie é “Carlos Magno – a vida do imperador do Sacro Império Romano”, em tese, deveria contar a vida de uma das personalidades históricas mais importantes para a cristandade; sem as inúmeras guerras do rei contra sarracenos e muçulmanos, muitas delas incentivadas por sua megalomania em se tornar um novo César e unificar o mundo sob uma única bandeira, o catolicismo não teria se tornado a principal religião do mundo medieval e perpetuado seu poder até os dias de hoje.

O único problema do livro Massie é colocar Carlos Magno em segundo plano, dando mais ênfase aos personagens secundários, que são, sob a pena do escritor, muitas vezes mais interessantes que o próprio sacro imperador.

Massie deixa o imperador de lado para contar as sagas de seus companheiros de batalha, entre eles Alberico, o bispo Turpin e Rolando-Orlando, seu sobrinho rejeitado por anos mas cujo destino o tornaria o eleito de Carlos Magno, sucedendo até mesmo seu filho, o diabólico Charlot, em seu coração.

Esse é um dos recursos das novelas de cavalaria. A mais famosa delas conta a estória de Rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda; parte da narrativa é sobre os feitos de Gawain, Galahad, Lancelot e os demais quando dispensados por seu rei.

Fora a perda do foco, “Carlos Magno” nos oferece um bom retrato – romantizado, claro - da Idade Média, tempo no qual o valor do homem era medido pelo tamanho dos seus feitos. A leitura é leve e cativante e Massie descreve brilhatemente batalhas, intrigas palacianas, amores idealizados e nobres e diverte bastante o leitor. A quem desejar, no entanto, conhecer mais a fundo a história pessoal de o redentor da cristandade deve procurar outros livro; neste o imperador Carlos Magno é bem menos importante que na História.

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